Saltburn, um filme ótimo para quem não gosta da fealdade

Confesso que por vezes sou muito resistente a certas coisas e depois arrependo-me de ainda não as ter visto...

Este filme é o caso!

Saltburn é sinónimo de opulência, depravação, os seus personagens são enigmáticos, excêntricos, viscerais e grotescos.

Existe arte e estética em todo o filme, muito inspirada nas obras de Caravaggio (conhecido por seu intensidade, realismo, as cores e contrastes de claro e escuro). Só a fotografia é uma obra-prima neste filme, e toda a envolvência do espaço de Saltburn (o jardim, o labirinto, a casa, as estatuas, as pinturas) mostra-nos o poder da arte e da imponência do lugar como componente fundamental na estética de um filme. Ao ver o filme sentimos que tudo tem um propósito, uma história simbólica e mensagens subliminares (desejo, relações de poder, manipulação, mentira e ambição).

Cedo percebemos que o filme tem muitíssimas camadas e só algumas é que vão ser mostradas, o resto ficara ao critério do entendimento de cada um dos espectadores. As pretensões do personagem não são explicadas nem o porquê do protagonista ter feito o que fez, deixando vários vazios na sua explicação, que ainda assim são simples de ser entendidas/subentendidas.

Saltburn é perturbador, grotesco e bizarro em certas cenas, como a cena da banheira ou da campa com Olivier ou a cena do sangue com Venetia e Olivier, tem uma harmonia fora do comum, os personagens são um cosmos psicologicamente profundo e até tragicómicos.

O declínio e “candura” aristocrática perante os parasitas que orbitam à sua volta torna a família dos Catton vulnerável e suscetível à manipulação de alguém bastante inteligente. O final infetado pela imoralidade deixou-me muito agradada, odeio finais felizes e previsíveis porque a realidade é assim.

Vejam, vale a pena!

Disponível na Prime.

 


2 comentários: