Confesso que por vezes sou muito resistente a certas coisas e depois arrependo-me de ainda não as ter visto...
Este filme é o caso!
Saltburn é sinónimo de opulência,
depravação, os seus personagens são enigmáticos, excêntricos, viscerais e
grotescos.
Existe arte e estética em todo o filme, muito inspirada nas obras de Caravaggio (conhecido por seu
intensidade, realismo, as cores e contrastes de claro e escuro). Só a fotografia
é uma obra-prima neste filme, e toda a envolvência do espaço de Saltburn (o jardim,
o labirinto, a casa, as estatuas, as pinturas) mostra-nos o poder da arte e da imponência
do lugar como componente fundamental na estética de um filme. Ao ver o filme sentimos que tudo tem um propósito, uma história simbólica e mensagens subliminares (desejo, relações de poder, manipulação, mentira e ambição).
Cedo percebemos que o filme tem muitíssimas
camadas e só algumas é que vão ser mostradas, o resto ficara ao critério do
entendimento de cada um dos espectadores. As pretensões do personagem não são
explicadas nem o porquê do protagonista ter feito o que fez, deixando vários
vazios na sua explicação, que ainda assim são simples de ser entendidas/subentendidas.
Saltburn é perturbador, grotesco
e bizarro em certas cenas, como a cena da banheira ou da campa com Olivier ou a cena do sangue
com Venetia e Olivier, tem uma harmonia fora do comum, os personagens são um cosmos
psicologicamente profundo e até tragicómicos.
O declínio e “candura” aristocrática
perante os parasitas que orbitam à sua volta torna a família dos Catton
vulnerável e suscetível à manipulação de alguém bastante inteligente. O final infetado
pela imoralidade deixou-me muito agradada, odeio finais felizes e previsíveis
porque a realidade é assim.
Vejam, vale a pena!
Disponível na Prime.
https://www.youtube.com/watch?v=lGzI3-499Dk
ResponderEliminarhttps://www.youtube.com/watch?v=AztoNSdgMRY
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