Uma crítica muitíssimo pessoal e possivelmente cheia de spoilers, por isso se não viram nada sobre esta série passem este post!
The White Lotus
Foi a série mais recente que acabei de ver, o último episódio da 3.ª temporada saiu no passado dia 6 de abril, mas há muito que me tornei fã de Mike White produtor e criador da série por isso não consigo ser imparcial na crítica. The White Lotus (nome fictício de uma rede de hotéis luxuosos) é uma sátira ao mundo dos ricos, as personagens são complexas, problemáticas e com inúmeras camadas que não são vistas à primeira, estas características e lado negro contrastam sempre com o cenário paradisíaco... A 3.ª temporada não foi a minha temporada favorita, mas considero o último episódio desta temporada uma obra de arte, ainda que muito controversa. Sim, foi lenta, mas se calhar esse era o objetivo, um pouco para contextualizar, o local onde era ambientada a temporada, na Tailândia um país maioritariamente budista e com outro ritmo que não o frenético ocidental.
Esta temporada ia diferir das anteriores e isso foi logo visto nos primeiros segundos do genérico desta temporada, onde a icónica música do compositor de The White Lotus, Cristóbal Tapia de Veer, foi alterada (Mike White entrou em discordância com o compositor, contudo ouvindo o tema completo sem cortes o icónico som da 1.ª e 2.ª temporada está lá).
Falemos dos personagens
Mook (Lalisa Manobal, famosissima cantora do grupo de k-pop Blackpink) a personagem que menos gostei e Fabian (Christian Friedel, ator do premiado filme Zona de Interesse) o personagem mais inocuo. Estes personagens ficaram muito aquém e mal desenvolvidos, acho francamente que a Mook é uma das vilãs da série, lobo em pele de Carneiro, manipuladora e interessseira, relativamente ao Fabian se nas outras temporadas os gerentes dos hotéis tiveram bastante relevância, acho que o Fabian não foi muito bem aproveitado.
Outro dos personagens que ficou aquém foi Tim Ratliff (Jason Isaacs) pai envolvido em esquemas financeiros fraudulentos, que teve pensamentos homicidas e suicidas durante toda a temporada e isso nunca chegou ao conhecimento da esposa e filhos, privando-nos da tão aguardada revelação que a família estava falida, como fã da série sinto que precisavamos de ver a reação Victoria Ratliff (Parker Posey) quando descobrisse estar falida, mas Mike White não é previsível e não vive para agradar às massas, o monge budista Luang Por Teera no início do último episódio avisa-nos: "Não há resolução para as questões da vida. É mais fácil ser paciente quando finalmente aceitamos que não existe resolução." por isso só tenho de resignar-me como espetadora ao querer e poder de Mike White.
O trio das amigas, que sempre pensei que fosse acabar em pancadaria terminou com um monólogo de Laurie (Carrie Coon) que emocionou, mas, a meu ver, foi muito ambíguo, nem sei se foi uma declaração de amizade eterna (como li em algumas críticas) ou apenas uma despedida de amigas a mostrar que por vezes a amizade muda e pode acabar!
Saxon Ratliff (Patrick Schwarzenegger) foi o pulha arrogante de serviço, que teve o maior desenvolvimento de toda a série, evoluiu de personagem detestável para uma das mais adoradas, totalmente inesperado, as expressões e linguagem corporal do personagem é transparente e transmite as suas emoções como se fossemos nós a sentir.
Chelsea (Aimee Lou Wood) foi das minhas favoritas desta temporada, representou uma personagem complexa e foi o equilíbrio de parte do elenco e que nos foi avisando, ao longo da temporada, do seu final, com os males vêm em trios e do Yin e Yang, no entanto, achei a sua relação muito tóxica e não a romantizei com o seu Rick (Walton Goggins).
Relevante nesta temporada foi o retorno de Greg (Jon Gries) marido interesseiro da saudosa Tanya (interpretada por Jennifer Coolidge na 1.ª e 2.ª temporada da série e musa de Mike White) e a participação especial (acompanhada de um monólogo chocante) de Sam Rockwell como Frank, e por fim a viragem de Belinda (Natasha Rothwell), outra personagem que não gosto, que nos mostra que todos são corruptíveis e todos temos um valor certo, que nos faz abrir mão da nossa moral aparentemente incorruptível, foi lindo ver o que aquela personagem quase neutra fez, o mesmo que a Tanya lhe fez, na 1.ª temporada.
Mike White consegue de uma forma quase poética e negra capturar a humanidade em toda a sua glória e descredito e é isso que me cativa nesta série, ele gosta de brincar com o espetador não sei se teve sempre essa intenção, mas insere pistas e sugestões falsas para nos despistar, fez isso nas 3 temporadas, mas nesta última deu-nos imensos caminhos sem saída, o que levou a inúmeras especulações...
Muito mais haveria para analisar e colocar aqui, mas por hoje fico-me assim!
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