3 mulheres altas...

Adorei mesmo está peça, 3 mulheres, 3 gerações diferentes, 3 diferentes perspectivas de vida... inicialmente 3 personagens diferentes e depois fundem-se. Esperam pela morte mas até chegar procuram os momentos de felicidade no passado!

Aconselho a irem ver, está no Teatro Nacional D. Maria II até dia 13 de Julho

 

Quase três décadas depois de Quem tem medo de Virgina Woolf, Edward Albee via estrear num teatro austríaco Três Mulheres Altas. O autor norte-americano era, à época, considerado pela imprensa especializada um “esquecido” e a peça passaria quase despercebida. Porém, pouco tempo depois, em Londres e Nova Iorque, Maggie Smith e Myra Carter, respetivamente, interpretariam o papel da nonagenária protagonista. O mundo redescobria Albee, e Three Tall Women venceria, em 1994, o Pulitzer para Teatro.

 

Nesse mesmo ano, em Lisboa, no Teatro São Luiz, a peça seria encenada por Jacinto Ramos, com Glória de Matos no papel principal. Manuel Coelho era assistente de encenação nesse espetáculo, e foi assim que descobriu "o fascínio imanente a este texto". Vinte anos depois, desafiado pelo diretor do Teatro Nacional D. Maria II, João Mota, o encenador reencontra, em seu entender, "a mais realista das peças do teatro do absurdo". Com o aliciante de ter no papel da mulher idosa Catarina Avelar, num muito saudado regresso ao palco da Sala Garrett.

 

O texto acompanha o percurso de três mulheres de várias gerações – uma jovem, uma mulher de meia-idade e uma idosa. Nelas se projeta, confessadamente, a mãe adotiva do dramaturgo, por isso, Três Mulheres Altas é apontada como a peça mais autobiográfica de Albee ("uma autobiografia invertida", como a considerou Aida Edemariam, no The Guardian). Como num jogo de espelhos, estas mulheres transformam-se na mesma mulher, e sobre nós paira a dúvida que as assalta sucessivamente desde o primeiro minuto: "como é que eu me transformei nisto?"

[texto de Frederico Bernardino]